domingo, dezembro 16, 2007

...

Corres livre pequeno
onde outrora também o fez
o que te precedeu em nome
onde a felicidade apareceu
onde a tragédia se abateu.
A vida encarregou
o destino de te trazer
e devolver a alegria
à casa que um dia perdeu a magia
e hoje ver-te correr alegre
alegrou-me também
e fez sorrir o meu coração
apesar dos meus olhos traírem a emoção,
tudo pode ter um motivo
não sei,
mas ver-te mostra que existe
um sentido na existência
ainda que a provação contínua
o teste
és prova que acreditar compensa.
Não consigo fazer rimar, nem sequer continuar, pois este texto está carregado de emoção, não consigo, foi um turbilhão muito intenso como o é sempre ver a foto perdida no tempo, como o foi ver uma criança chamar "tio" a essa imagem já tão injustamente distante... Não dá mesmo pois quase já não vejo as letras com nitidez...

sexta-feira, dezembro 07, 2007

Paraíso de sonhos

Hoje vou viajar a um paraíso antigo
lugar de esperança e orgulho ferido
palco de tristeza e memórias
inigualável beleza e efémeras glórias

quando escuro já fôr
consulto o infinito gigante
que entende a dôr
de sentir-te distante

vou sentar-me à sua beira
e aguardar o conselho
carregado de sabedoria
desse confidente velho

vou pensar em ti vigiado pela lua
que ilumina o rosto do meu companheiro
e no espelho da minha alma quero encontrar a tua
presa a mim por um sentimento verdadeiro...

quinta-feira, dezembro 06, 2007

O primeiro encontro

A praia está calma, o único som é o das ondas que beijam a costa suavemente, recuando e beijando novamente, seguindo o seu ciclo. O dia está ameno, o frio não consegue vencer porque o sol está a lutar para se manter acordado, mas não por muito tempo, já começa a descer no horizonte, e lá no alto a sua amante dele se veio despedir.
Caminho descalço, sinto a areia fresca entre os dedos, mas o arrepio que me toma não tem a ver com a temperatura, mas com o vulto que lá em baixo avisto, continuo a andar, mas só quero correr, esforço-me por não o fazer, pareces um anjo, a luz que te rodeia é divinal, por um breve instante viras a face para o lado e pela primeira vez tenho um vislumbre da tua cara, de novo fitas o mar e percorro os metros que faltam sem sentir o chão, devo estar a voar na tua direcção.
No último instante percebes que cheguei, preparas-te para me encarar mas peço-te que não o faças, fecha os olhos, te digo, quero prolongar o momento mágico onde sou ainda encantado para ti, pego na tua mão e lentamente viro-te para mim, com a outra sinto pela primeira vez o toque da tua cara, suave, macia, luto contra o instinto de te beijar naquele segundo, abres os olhos e, que dizer se neles me perco nesse preciso momento, se fico com a sensação que sempre os conheci, que desde sempre os admirei, vejo o teu sorriso, devo estar vidrado no teu olhar, nem sei por quanto tempo até que desperto, sei que estou sorrindo também, falas pela primeira vez e o meu coração quer sair do peito e correr de felicidade, és real, sinto as pernas tremer mas não me importo, tua voz é melodia nunca ouvida, vamos trocando falas que não recordo pois estou enfeitiçado, percebo que paramos de falar e nos fitamos com aquele desejo que não engana, quase levitamos quando os nossos lábios de tocam, quentes, apaixonados e selam o princípio de um sonho verdadeiro...

segunda-feira, dezembro 03, 2007

O sonho onde hoje te levo

O sonho onde hoje te levo
é passado em tempos distantes,
num mundo de magia
e de bondosos gigantes.
Um lugar feito à medida
para passeios de amantes

que se fitam em silêncio
e se olham com carinho,
fazem poemas às estrelas
que lhes iluminam o caminho,
se entregam sem reservas
a esse passeio sem destino.

O sonho onde hoje te levo
é feito de paz e alvura,
ingenuidade doce e terna
timidez que perdura,
nasce de um para outro coração
carregado de candura.

É assim que hoje te vejo
no sonho onde te levo.

domingo, dezembro 02, 2007

A última poetisa

Conheci a última poetisa
que este mundo possui
encontrei a alma que me realiza
e na minha aflui.

Conheci uma alma pura
dócil, gentil
ternamente conduz-me à loucura
através do universo que criámos
levemente pinta o caminho que traçamos
nas palavras que trocamos
é desafio que aceito
é seio onde me deleito

apenas em sonho
mas tão real que risonho
quase sinto na pele
a sua doce, tão doce
que só de imaginar
sinto que a estou a beijar.

Conheci a última poetisa
que o mundo quase desperdiçou
conheci a musa
que sem pedir me apaixonou.

Voando contigo

Ela estava deitada, a noite lá fora estava fria mas ainda assim a janela permanecia aberta, por algum motivo sabia que não a devia fechar. Os olhos fechados, mas não conseguia dormir, sentiu uma brisa e um arrepio agradável que lhe percorreu o corpo, abriu os olhos e pela primeira vez estes encontraram os de Peter que sorria para ela.
Pegou-lhe na mão que fria aceitava o calor da dele, e saíram voando do quarto, atada ao seu corpo aninhou-se e sentiu o seu perfume, um cheiro que nunca antes sentira, pensou que perfume seria este que tinha um toque sobrenatural, percebeu que era na verdade o corpo de Peter que lhe toldava os sentidos.
Vezes sem conta perguntou-se se estava sonhando, ou se era verdade que voava para um destino incerto e que nos seus braços a levava, deu por si sobrevoando o mar que bem abaixo brilhava, reflectindo o sorriso da lua, viu um paraíso terreno mas não desceu, soube de uma forma que não podia explicar que não era ali o fim da viagem, seguiram os dois presos num abraço sem trocar uma palavra, apenas os olhares diziam tudo, o leve roçar dos seus lábios na orelha dela era suficiente para lhe provocar um arrepio doce e prolongado que terminava numa explosão de sensações que nenhum dos dois até então experimentara.
O voo durou meses, durou anos mas não envelheceram um dia, o tempo parara ao primeiro contacto, passaram montanhas de desejo que bem altas lhes estendiam um corredor mágico, foram onde ninguém antes fora, as mãos de Peter acariciando o seu cabelo, ela retribuindo com ternos beijos que ele aceitava com ardor.
As estrelas foram testemunhas cúmplices daquele gesto de amor que trocavam, uma e outra vez sem conta ela sentiu-se desmaiar de paixão quando o seu corpo respondia ao toque dele, sem palavras perguntou-lhe se estava a sonhar e obteve por resposta um sorriso de Peter que era mais significativo que qualquer poema naquele momento, sorriu também e soltou o cabelo que provocou no mundo a brisa mais saborosa, soltou uma lágrima de felicidade que ele aparou com um dedo, levando-o aos seus lábios para depois beijá-la calma, doce, suavemente.
Ao abrir os olhos reparou que já não voavam, estavam numa praia que parecia não ter fim, completamente deserta, pela frente o mar olhava os dois que continuavam enroscados no abraço destemido, guardados por uma floresta de sonhos que atrás deles aguardava pelo passeio que dariam mais tarde. Sentiram que nunca antes paixão tão genuína os atingira enquanto se beijaram outra vez, caminharam de mão dada até ao mundo que ele criara para ela e para ninguém mais, então ela soube que já conhecia aquele lugar, sempre estivera dentro de si à espera que um sonhador o trouxesse para fora, e esse era Peter que novamente lhe sorria, ela percebeu que ele se preparava para falar e temeu que no momento em que isso acontecesse a magia desapareceria, que o sonho terminava e tentou impedi-lo, olhando para ele de semblante grave e preocupado, Peter porém não parou e sorriu com mais intensidade, olhou para ela e disse, "Sabes Cinderela, eu gosto de ti..."

Sou o fim da noite fria

Sou o fim da noite fria
a promessa que te fiz
a paixão que te desafia
o momento em que és feliz

sou o beijo que te dou
o desejo que te entrego
sou aquele que te sonhou
o voo em que te levo

sou a terra que só existe
no lugar que criei
para te levar quando estiveres triste
aquele onde primeiro te amei

sou fruto da paixão
o que segura a tua mão
a explosão de alegria
sou o fim da noite fria...

sábado, dezembro 01, 2007

Doce guardiã dos meus sonhos

Doce guardiã dos meus sonhos

Dizer-te meu doce sonho
é redutor, é injusto
és antes terno acordar
de um distante exílio fusco.
És flor que quero cheirar
túlipa que desejo beijar,
ideia que quero reter
na minha mente te manter.

Não quero ser perfeição
ideal ou encantado
antes suave canção
que te leva a qualquer lado.
Ser "Pan" que te faz sonhar,
sorrir e voar
ser impulso para tua alma
voltar a acreditar.

Quero ser tudo
ou mesmo nada
ser o mar, o campo, sonho
ser o que quiseres, doce fada...

Sonhos

Sonho

acordado por alguém que nunca vi,
sonho o primeiro olhar trocado
e o que nesse instante senti,
mesmo sem ainda o ter experimentado.

Vejo um campo coberto
de sonhos florido
um sentimento desperto
num beijo perdido.

Sonho a hora distante
de um abraço querido,
sonho com um momento
que sei nunca ter existido.

Agora até a dormir
sonho a ideia de ti
sonho o sonho partir
será normal sonhar assim?...