domingo, outubro 15, 2006

Renascer

O que não me mata, torna-me mais forte. O conceito não é original, nem sequer é novo, é no entanto eficaz e verdadeiro. Um choque, um desgosto, uma desilusão, uma situação adversa, tantas coisas podem destruir o ânimo de uma pessoa, a forma como a pessoa se levanta diz muito sobre o carácter da mesma e sobre a sua força interior.
Tudo isto é girar um pouco em torno de frases feitas e conceitos conhecidos, mas eu não tenho a ambição de revolucionar o mundo com as minhas ideias, no entanto, se com o relato de experiências pessoais puder tocar uma pessoa que seja, se alguém se identificar com o que escrevo, já me dou por satisfeito.
Há desgostos na vida que nos deixam por terra, nos deixam a pensar se há esperança, nestes momentos ter alguém que nos dá a mão é indispensável, ter mais do que uma pessoa a quem recorrer é extraordinário. Os maus momentos não passam de um dia para o outro, algumas pessoas levam semanas, outras meses, outras anos, mas dure o que durar, as coisas melhoram, a luz ao fim do túnel não é uma miragem mas uma realidade, por muito esbatida ou apagada que esteja...
Admito que falar em esperança ou em reviravolta quando nem sabemos o que estamos a sentir é prematuro, mas o simples facto de admitir que as coisas podem mesmo melhorar é positivo. A tristeza, a melancolia, a impotência, tudo isto é doloroso, mas bola para a frente, café com uma amiga, cerveja com os amigos, chorar num ombro, tudo isto ajuda, tudo isto faz a diferença.
Não sei se acontece com todas as pessoas, mas parece-me mais claro que nunca que na adversidade poderei descobrir um novo sentido para a vida, poderei saber melhor do que nunca o que sinto, saber o que é o verdadeiro e altruísta amor, o puro sentimento, a capacidade de dar tudo sem necessitar de receber nada. Será que cheguei a esse ponto? Parece-me mais perto que nunca, parece-me mais real que nunca. As cabeçadas na parede poderão voltar, as lágrimas poderão voltar a bailar nos olhos, mas nada disso impede de acreditar que tudo será pelo melhor, mais cedo ou mais tarde.
Sinto-me a renascer das cinzas, com a noção que os pilares da estabilidade emocional não passam ainda de tijolos soltos e a dançar, escorregar é ainda mais fácil agora do que quando a moral está de rastos, mas a simples esperança dá um sentimento revigorante de renascimento!
Poder sorrir novamente, rir com gosto, abraçar uma nova vida, ambição ou realidade, futuro longinquo ou amanhã?...
Tudo isto pode ser filosofia barata, mas a necessidade do desabafo é maior que o receio de ser mal interpretado!