domingo, agosto 03, 2008

Se eu fosse...

Se fosse poeta, cantaria os teus olhos, a tua força, o teu carácter, de forma que quem esse poema lesse, te conheceria sem te ver, te perceberia sem que precisasse ouvir os teus argumentos, te iria admirar, antes ainda de conhecer os teus gestos, mesmo os mais pequenos. Não o sou, porque se o fosse, diria talvez que /não foi o céu/ que azul nomeou a cor/ antes que esse tom nasceu/ para um dia pintar os olhos do meu amor/... Mas poeta não sou, talvez se poeta tivesse nascido, diria que /ver-te chorar magoa/ porque a mágoa que a tua alma transporta/ é de uma responsabilidade que não devia ser tua/ e é a tua força que a suporta.../ Quem sabe, se o fosse poria nas letras um pedaço da tua essência, e faria com que quem lesse as páginas dos meus cadernos de poemas sonharia com a imagem de ti, com a ideia de alguém assim, antes de te ver ou conhecer...
Como poeta não sou, limito-me a escrever suaves cartas de amor, a uma cinderela que o mundo desconhece, a uma princesa que acalma um espírito inquieto, por vezes a precisar de ser desperto. Se uma destas cartas servir para me ajudar a te fazer o tributo devido, merecido, valeu a pena escrever, se te arrancarem um sorriso num momento mais escuro, valeu a pena escrever, se te derem um carinho num momento de solidão, valeu a pena escrever, se, de alguma forma nelas vires um pedaço de poeta, valeu a pena escrever...