domingo, dezembro 02, 2007

Voando contigo

Ela estava deitada, a noite lá fora estava fria mas ainda assim a janela permanecia aberta, por algum motivo sabia que não a devia fechar. Os olhos fechados, mas não conseguia dormir, sentiu uma brisa e um arrepio agradável que lhe percorreu o corpo, abriu os olhos e pela primeira vez estes encontraram os de Peter que sorria para ela.
Pegou-lhe na mão que fria aceitava o calor da dele, e saíram voando do quarto, atada ao seu corpo aninhou-se e sentiu o seu perfume, um cheiro que nunca antes sentira, pensou que perfume seria este que tinha um toque sobrenatural, percebeu que era na verdade o corpo de Peter que lhe toldava os sentidos.
Vezes sem conta perguntou-se se estava sonhando, ou se era verdade que voava para um destino incerto e que nos seus braços a levava, deu por si sobrevoando o mar que bem abaixo brilhava, reflectindo o sorriso da lua, viu um paraíso terreno mas não desceu, soube de uma forma que não podia explicar que não era ali o fim da viagem, seguiram os dois presos num abraço sem trocar uma palavra, apenas os olhares diziam tudo, o leve roçar dos seus lábios na orelha dela era suficiente para lhe provocar um arrepio doce e prolongado que terminava numa explosão de sensações que nenhum dos dois até então experimentara.
O voo durou meses, durou anos mas não envelheceram um dia, o tempo parara ao primeiro contacto, passaram montanhas de desejo que bem altas lhes estendiam um corredor mágico, foram onde ninguém antes fora, as mãos de Peter acariciando o seu cabelo, ela retribuindo com ternos beijos que ele aceitava com ardor.
As estrelas foram testemunhas cúmplices daquele gesto de amor que trocavam, uma e outra vez sem conta ela sentiu-se desmaiar de paixão quando o seu corpo respondia ao toque dele, sem palavras perguntou-lhe se estava a sonhar e obteve por resposta um sorriso de Peter que era mais significativo que qualquer poema naquele momento, sorriu também e soltou o cabelo que provocou no mundo a brisa mais saborosa, soltou uma lágrima de felicidade que ele aparou com um dedo, levando-o aos seus lábios para depois beijá-la calma, doce, suavemente.
Ao abrir os olhos reparou que já não voavam, estavam numa praia que parecia não ter fim, completamente deserta, pela frente o mar olhava os dois que continuavam enroscados no abraço destemido, guardados por uma floresta de sonhos que atrás deles aguardava pelo passeio que dariam mais tarde. Sentiram que nunca antes paixão tão genuína os atingira enquanto se beijaram outra vez, caminharam de mão dada até ao mundo que ele criara para ela e para ninguém mais, então ela soube que já conhecia aquele lugar, sempre estivera dentro de si à espera que um sonhador o trouxesse para fora, e esse era Peter que novamente lhe sorria, ela percebeu que ele se preparava para falar e temeu que no momento em que isso acontecesse a magia desapareceria, que o sonho terminava e tentou impedi-lo, olhando para ele de semblante grave e preocupado, Peter porém não parou e sorriu com mais intensidade, olhou para ela e disse, "Sabes Cinderela, eu gosto de ti..."

1 Comments:

Blogger Tita said...

Sinto!

Sinto uma leve e doce brisa no ar nesta noite de Inverno
Uma brisa que me faz voar ao teu encontro neste instante
E que me traz a lembrança constante
do teu sorriso terno.

Sinto nesta noite especial, as estrelas a brilhar
Mais intensamente, claro porque tu estás lá
A fazer parte delas a olhar sempre para cá

Sinto o calor das palavras que escreves e gostas
E leio-as como louca, na esperança
De que com elas, consiga recuperar outra lembrança
porque não sei, infelizmente quando voltas

Sinto a tua voz doce no meu ouvido - falsa sensação
Sinto a tua mão quente no meu rosto - outra ilusão
Sinto os teus braços a abraçarem-me - minha lembrança
Sinto os teus olhos a acariciarem-me - minha esperança

Sinto que mesmo estando ausente,
Tu, continuas presente,
E fazes-me notar, de forma espantada,
Que além de mim também a noite está apaixonada...

tua Cinderela

6:26 da tarde  

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