terça-feira, junho 05, 2007

As lágrimas da natureza

Acordei, o ar estava pesado, não sei bem dizer o que se passava, mas tinha alguma dificuldade em respirar. Algo aflito, abri a torneira e molhei a cara, mas a água não era límpida, estava suja, emanava um odor estranho e que não consigo descrever...
Tentei respirar mas cada vez me custava mais, uma sensação de sufoco, um aperto que me desgastava, lentamente, que me consumia as forças. Corri para a janela, por certo o ar fresco da manhã me iria ajudar, ao aproximar-me, as cortinas ainda corridas, recordo-me de estranhar a falta de claridade, certamente já o sol ia bem alto e tinha a certeza que a previsão para esse dia apontava para céu azul e sol firme...
Desviei as cortinas e abri a janela com a esperança de finalmente inspirar e sentir o ar da manhã reanimar-me, senti as lágrimas correrem cara abaixo, tinha perante os meus olhos o mais triste espectáculo, não havia sinal de vida lá fora, a poluição era bem visível a olho nu, a natureza morria à minha frente, uma indescritível neblina, como se de um incêndio de proporções catastróficas se tratasse, pairava no mundo à minha frente, aquele cheiro que sentira ao abrir a torneira era agora mais forte, o sol mal se via através da neblina, não conseguia furar.
A natureza despedia-se, tal como eu sufocava a cada instante, o final estava perto, as lágrimas que corriam pela minha face eram o único sinal de vida que existia no mundo naquele dia, o dia em que a natureza chorou.
Abri os olhos, como sempre molhei a cara com aquela água fresca e transparente, abri as cortinas e de pronto o sol me beijou a cara, ao abrir a janela senti a brisa da manhã que chegava até mim fresca e pura, o sol subia para o trono do seu reino, forte e poderoso. Ainda não tinha sido desta vez que o homem conseguira destruir o planeta...
Desta feita foi apenas um pesadelo, vamos lutar para que nunca passe disso mesmo, e que os nossos filhos nunca tenham esse pesadelo!