sábado, setembro 23, 2006

Friendship

There are some things in life
that may someday end
But you can go your all life
Without ever loose a friend.

terça-feira, setembro 19, 2006

Basta

Um grito, de dor carregado
um desesperado pedido de ajuda.
É um espírito desnorteado
por um sentimento que não muda.
Por esse sentimento lutar
ou a rendição e desistir?
Vale a pena acreditar
ou será melhor partir
em busca da sensação
de voltar a aprender
e fazer o coração
deixar de sofrer.
Ser o único a crer
que é possível continuar
ou às opiniões me render
e deixar de acreditar.
Seguirei noutra direcção
e para todos estarei bem.
Mas com a forte convicção
De que assim sou ninguém.
É hora de basta gritar
Nem que o destino seja a solidão
nunca me farão mudar
Não posso trair o coração...

quinta-feira, setembro 14, 2006

Procura

Decidi partir hoje à sua procura. Passam 11 meses desde que falámos pela última vez, foi uma conversa dolorosa onde decidimos mais ou menos em conjunto que o melhor para nós era estarmos afastados.
Foi uma relação muito intensa a nossa e os últimos tempos estavam a destruir tudo o que de bom fomos fazendo ao longo dos anos. Sei que fui algo inflexível quando ele me pediu para reconsiderar mas não podia continuar a manter uma relação que não era positiva para nenhum dos dois. Na altura pareceu não entender e algumas semanas depois voltou a tentar, aí senti que tinha de ser mais dura e cortar radicalmente o nosso contacto, na minha cabeça era o que eu tinha de fazer para que um dia a nossa relação pudesse ter uma segunda hipótese. Desde essa altura passaram 11 meses.
Foi esse o tempo que precisei para perceber que ele me faz mais falta do que eu pensava. Apesar de nos primeiros tempos gozar de uma liberdade que há muito não gozava, de poder fazer coisas que há muito não fazia, de estar com pessoas novas, de fazer tudo o que me apetecia sem ter de dar explicações, eventualmente comecei a sentir um aperto no coração e lá bem no fundo sabia a razão dessa angústia.
Ele partiu dois dias depois da nossa conversa, escreveu-me do seu primeiro destino a explicar-me o que pensava fazer:
"Escrevo-te de Barcelona. Estou sentado no aeroporto à espera da bagagem que parece estar perdida. Não me despedi de ti porque não consegui suportar a ideia de te deixar para trás. Foste clara quando me explicaste que neste momento já não tenho lugar na tua vida e por isso mesmo sinto que tenho de partir em busca de um sentido para a minha. Terei de procurar bem no fundo do meu ser para descobrir um novo caminho.
Trocámos palavras duras, algumas que deixarão marcas mas não podemos esconder que foram ditas. Magoaste-me e provavelmente fiz-te o mesmo. Mas, sinceramente neste momento só quero esquecer isso e concentrar-me na minha procura. Vou ver as vistas pela Europa, visitar sítios que sempre quis visitar e tentar encontrar a paz de espiríto que me falta.
darei notícias, sempre teu..."
Escrevo no meu diário sentada no banco do aeroporto em Barcelona, talvez o mesmo onde ele me escreveu alguns meses atrás. Parecem já anos desde que me beijou pela última vez, um beijo que para mim não significou nada apesar de se esforçar por me mostrar que ainda existia paixão nele. A primeira carta que me enviou era algo seca e muito magoada mas olhando para trás não o posso censurar, estávamos os dois magoados e não tínhamos nada de bom para dizer um ao outro. Para ser sincera, quando recebi a carta e soube que partira fiquei aliviada por não ter de voltar a encontrá-lo tão depressa.
A segunda carta veio um mês depois, recebi-a depois de chegar a casa vinda do apartamento do primeiro homem com quem estive após a separação:
"Estou na Áustria, sentado numa esplanada em Viena e a paisagem fez-me pensar uma vez mais em ti. Não que isso seja notícia, são raros os momentos em que não estás na minha mente. Não há uma noite que adormeça sem lágrimas nem uma manhã que acorde em que o meu primeiro pensamento não vá para ti.
Espero que não estejas a sofrer como eu sofro, se assim fôr a nossa separação não teve nenhum resultado. A única coisa que me faz suportar o sofrimento é acreditar que estás melhor por estares sem mim.
Gostava de poder dizer que estou melhor mas o tempo vai-me consumindo e as saudades são duras, difíceis de aguentar. Senti a necessidade de te dizer isto, mesmo sabendo que te vai custar ler estas palavras. Com a esperança que em breve te possa escrever com melhor disposição me despeço.
Sempre teu..."
Foi um choque receber aquela carta, senti-me culpada por poucas horas antes estar com outro e agora ler as palavras magoadas de alguém que era ainda importante para mim, foi a primeira vez em que pensei se estava errada e que tive vontade de voltar para ele. Mas a sua ausência ajudou e depressa esqueci esse pensamento.
4 meses depois da separação voltei a receber uma carta, foi neste momento que as suas palavras começaram a aligeirar e notei que estava melhor:
"Escrevo-te do sítio mais improvável, numa pequena aldeia perto da transilvânia, isso mesmo, a terra de Vlad. Não me perguntes porque vim cá parar mas, depois de vaguear senti a necessidade de vir conhecer este lugar que para tanta gente é mágico e está envolvido em tanto mistério. cheguei aqui há umas semanas e foi aqui que vim encontrar a paz que procurava. Este sítio é lindo, consegui alugar um barracão a uma simpática senhora da terra que não percebe nada do que eu digo, mas lá me vou entendendo com a filha, uma menina de 10 anos que arranha o suficiente o inglês para ajudar a comunicação entre a mãe e eu.
Nunca estive num sítio onde tão facilmente esqueço os meus problemas, onde tenho tanto tempo para ler e sosssego para pôr ordem nas ideias. Mas nem tudo é assim tão simples, cheguei a um ponto em que a dor da nossa separação já ultrupassa o sentimento e se tornou em dor física, sinto mesmo o coração a apertar quando penso em ti, mas sei que estás melhor assim e suporto a dor por saber que pelo menos tu ficaste melhor.
Páro agora de escrever pois já estou a entrar outra vez no campo das lamúrias e não foi para isso que te escrevi.
Sempre teu..."
Ler as cartas que me foi escrevendo sempre teve o efeito de me reconfortar por saber que estava bem, mas a angústia de saber que continuava a sofrer. E as saudades a partir do 5º mês começaram a apertar, os primeiros tempos de liberdade foram bons mas eventualmente comecei a fartar-me e já não encontrava uma razão coerente para justificar a separação. Foi por essa altura, quando já estava disposta a largar tudo para ir atrás dele que recebi nova carta:
"Continuo no mesmo sítio de onde te escrevi da última vez. A disposição agora é que é outra. Escrevo-te para que saibas que a dor desapareceu, olho agora para trás com a noção que as coisas entre nós tiveram o tempo certo e acabaram quando tinham de acabar.
Vivo agora uma vida diferente, ajudo as pessoas no campo, passo muito tempo sozinho e penso muito em tudo. Posso agora dizer que também eu já ultrupassei a nossa relação e que podes descansar, sei que as cartas que te fui enviando te terão deixado apreensiva mas quero que saibas que já estou bem.
Não te esqueci, mas isso sabes bem que é impossível de fazer, simplesmente estou noutra, estou livre e quero continuar assim. Desejo-te tudo de bom como sei que me desejas. Até um dia,
sempre teu..."
A partir desta altura recebi uma carta por mês, todas a explicar que a vida lá era muito mais sossegada, que a paz de espírito que encontrara era o suficiente para viver feliz, enfim, sempre na mesma liha de raciocínio.
Eu é que estava já sem paz, a sua ausência foi-me consumindo aos poucos e o aperto que sentia no coração era cada vez mais forte, por muito que as cartas tivessem o objectivo de me acalmarc, no fundo eu sabia que os seus sentimentos não tinham mudado até que também eu tive de largar tudo, não para fugir, mas sim para ir atrás do amor que renegara, para resolver as coisas e recomeçar do ponto onde tínhamos deixado a nossa relação.
Chego agora à pequena aldeia, não foi fácil mas por estas bandas aparentemente umas notas quebram barreiras com uma facilidade espetacular. Chamar pequena a esta aldeia é exagerar, três casas, uma com todo o aspecto de estar abandonada, outra muito mínuscula e uma terceira que apresenta tímidos sinais de vida. Quando me abriram a porta uma menina muito branquinha ficou parada a olhar para mim como se me reconhecesse, antes de me deixar falar foi chamar a mãe e, quando esta veio também fiquei com a ideia que me conhecia.
Com uma comunicação algo difícil fiquei a saber que ele já lá não estava mas deixara uma carta para mim, na eventualidade de eu por lá decidir aparecer. Estranhei que ele tivesse deixado uma carta para mim, mas o facto de o envelope trazer uma foto dos dois deixou-me sem dúvidas...
"Escrever esta carta foi a coisa mais difícil que tive de fazer na minha vida, por ser a única onde só pude ser honesto. Nesta carta não faria sentido deixar algo por dizer, fingir que tudo está bem...
Se a estás a ler é porque algo te fez vir atrás de mim, talvez preocupação, talvez arrependimento, não sei... Só estive um mês nesta casa, tudo o que estava a sentir acabou por ser forte demais para que eu ficasse aqui parado à espera que as coisas mudassem. Decidi escrever-te dezenas de cartas e pedi à senhora que tas enviasse uma por mês até se acabarem, pela ordem que lhas deixara. Se alguma ainda sobrou, certamente a senhora tas dará...
A verdade é que desde o momento que nos separámos, vi que a dor que se apoderava de mim cada vez me consumia mais. Deixei de dormir, os dias eram um inacabável minuto de sofrimento onde só me apetecia chorar, beber, esquecer sem ter vontade te o fazer, pois esquecer-te era negar aquilo que sou e isso não o podia fazer.
Tentei, sei que não tentei o suficiente ou simplesmente não tive forças para o fazer, mas tentei. Talvez tenha desistido cedo de mais, mas o que é certo é que não aguento mais um minuto assim. Agora sim, sinto a paz que procurei, pois a decisão está tomada.
Nunca te culpes por nada, eu é que tenho uma maneira de ser muito própria e a ideia de viver sem ti, por si só elimina o conceito de viver.
Foi por isso que tive de partir, desculpa...
sempre teu"
Fiquei abalada e sem saber o que pensar, depois de algumas perguntas fiquei a saber que já não vivia naquela casa há 6 meses, perguntei se sabiam para onde tinha ido e ficaram a olhar para mim com um ar de pena que não decifrei.
Para eu perceber foi preciso a menina levar-me pela mão e mostrar-me uma tosca lápide no sítio onde tinha sido enterrado depois de não aguentar o sofrimento e ter decidido pôr fim ao mesmo...